Tecidos vegetais

 Tecidos vegetais

Antes de falarmos sobre os tecidos, vamos tratar brevemente sobre os meristemas. Mas o que são meristemas? Meristemas são tecidos que conservam a capacidade de divisão celular, possibilitando assim o crescimento vegetal. Além disso, vale ressaltar que são células pequenas que não apresentam a parede celular secundária e seus plastídios não são diferenciados. Os meristemas são, então, responsáveis pela formação de diversos tecidos, e são divididos em meristemas primários ou apicais e meristemas secundários ou laterais. 

Os meristemas primários são a protoderme, o meristema fundamental e o procâmbio. O crescimento celular, nesse caso do corpo primário da planta, acontece da seguinte forma: na região pró-meristemática fica um conjunto de células que se divide frequentemente, e após essa divisão, as novas células também são meristemáticas, ficando na região pré-meristemática, enquanto as células antigas se deslocam e formam uma nova célula na planta. Essas células que se deslocam são chamadas de derivadas, e as que ficam na região pré-meristemática são chamadas de iniciais. 

Observe um meristema apical de caule e um meristema apical de raiz:

Disponível em: https://professores.unisanta.br/maramagenta/meristemastecidos.asp


A= Raiz e B= Caule
Disponível em: https://www.coladaweb.com/biologia/botanica/meristemas

Já os meristemas secundários são o câmbio vascular e o felogênio. Esse tipo de meristema ocorre em plantas de crescimento secundário, ou seja, com crescimento em espessura. Quando há adição de tecidos vasculares no corpo primário da planta, surge o meristema secundário. 

Disponível em: https://www.infoescola.com/histologia/felogenio/


É importante lembrar também que:

-A protoderme é a camada mais externa do conjunto de células que formará a epiderme;

-O procâmbio origina tecidos vasculares e parte do câmbio;

-O meristema fundamental dá origem ao parênquima, colênquima e esclerênquima;

-O câmbio vascular fica entre os tecidos vasculares primários, formando tecidos vasculares secundários;

-O felogênio é o meristema lateral que dá origem a periderme, que quando preciso substitui a epiderme.

Epiderme

O tecido mais externo dos órgãos vegetais em estrutura primária é a epiderme, que é substituída pela periderme em órgãos de crescimento secundário. A epiderme se origina dos meristemas apicais, na protoderme, mais especificamente. Na maioria dos casos, a epiderme é formada por apenas uma camada de células vivas, perfeitamente justapostas, sem espaço intracelular e são vacuoladas. Essa disposição permite que a epiderme proteja o vegetal contra choques, perda de água e invasão de agentes patogênicos. 

A principal função da epiderme é revestir o vegetal, mas pode ter outras funções, como realizar trocas gasosas, absorver água e sais minerais, proteger contra radiações solar, entre outras. 

Um tipo de célula epidérmica que precisa ser destacado são os estômatos, que são formados por duas células-guarda, que formam uma abertura chamada de ostíolo. Os estômatos são responsáveis pelas trocas gasosas, captando CO2 e liberando oxigênio, ou seja, estão diretamente ligados à fotossíntese.

Além disso, a epiderme pode apresentar tricomas, que se apresentam de diferentes formas em diferentes vegetais. Os tricomas glandulares são responsáveis pela produção de substâncias, já os tricomas tectores não.  

Na epiderme é comum a presença de cutina, que é uma substância lipídica que fica na parede das células epidérmicas. Essa substância forma a cutícula, que tem função de proteger o vegetal contra a perda excessiva de água, contra a radiação solar e atua na proteção contra fungos, bactérias e insetos. 

Observe a epiderme na raiz, no caule e na folha de um vegetal:

Disponível em: https://moodle-academico.uffs.edu.br/pluginfile.php/489375/mod_resource/content/1/Aula%20Tecidos%20%28Meristema%2C%20Epiderme%20e%20Par%C3%AAnquima%29.pdf

Parênquima

O parênquima é considerado um tecido de preenchimento vegetal, sendo o tecido de maior massa nos vegetais. É constituído de células vivas, e é considerado um tecido meristemático, que auxilia na divisão celular. As células do parênquima geralmente têm apenas a parede celular primária, com espaços intracelulares característicos e possuem grandes vacúolos. 

As funções do parênquima são: Fotossíntese, transporte, reserva, secreção e excreção. 

O parênquima se divide em três tipos, de acordo com sua função, sendo eles o parênquima de preenchimento, clorofiliano e de reserva. Além disso, dependendo de onde se localizam no vegetal, podem distinguir-se em parênquima fundamental, clorofiliano, de reserva, aquífero ou aerênquima. 

O parênquima fundamental ou de preenchimento, é encontrado no córtex e na medula do caule, ou no córtex da raiz. As células são vacuoladas, com pequenos espaços intracelulares e isodiamétricas.  

O parênquima clorofiliano encontra-se nos órgãos aéreos do vegetal, principalmente nas folhas. As células são vacuoladas, com muita presença de cloroplastos e têm paredes primárias delgadas. Como é possível perceber, esse tecido está diretamente ligado ao processo de fotossíntese. Além disso, o parênquima clorofiliano pode se dividir em parênquima clorofiliano paliçádico e o parênquima clorofiliano esponjoso. A diferença é que o primeiro tem células cilíndricas, dispostas perpendicularmente à epiderme, enquanto o segundo tem células de formato irregular e dispostas de maneira que formam muitos espaços intracelulares, parecido com uma esponja. 

O parênquima de reserva, como o próprio nome diz, serve como reserva de substâncias ergásticas, como amido, proteínas, óleos, entre outras. Isso auxilia no metabolismo celular. 

O aerênquima encontra-se no mesofólio, no pecíolo, no caule  e nas raízes de plantas aquáticas ou que vivem em solo encharcado. O parênquima nesse caso, tem células dispostas com grandes espaços intracelulares. A função é promover aeração (troca de gases) e facilitar a flutuação. 

O parênquima aquífero possui células que acumulam grande quantidade de água. Está presente em vegetais que vivem em regiões áridas, como cactos, euforbiáceas e bromeliáceas. As células são grandes, com vacúolos que reservam água e o citoplasma parece uma fina camada que fica próxima a membrana plasmática. 

Observe o esquema da estrutura interna de uma folha contendo parênquima:

Disponível em: https://www.todamateria.com.br/parenquima/

Colênquima

O colênquima, diferente do parênquima, é considerado um tecido de sustentação. É constituído de células vivas e pode retornar a atividade meristemática. Além disso, as paredes celulares das células nesse caso tem espessamento e reforço de celulose, e apresentam campos primários de pontoação. A função do colênquima é principalmente de sustentação, e ele se divide em angular, lamelar, lacunar e anelar, de acordo com o espessamento a parede celular. 

O colênquima angular é quando as paredes são mais espessas no ponto onde três ou mais células se encontram. O colênquima lamelar acontece quando as células são mais espessas nas paredes tangenciais internas e externas. Já o colênquima lacunar é quando o tecido apresenta maior espaço intercelular, e as paredes primárias das células apresentam espessamento. O colênquima anelar ou anular é quando o espessamento entre as paredes celulares é mais uniforme, formando um lume celular circular em secção transversal. 

Observe os diferentes tipos de colênquima:

                                            Colênquima angular

Disponível em: http://portal.virtual.ufpb.br/biologia/novo_site/Biblioteca/Livro_4/7-Anatomia_Vegetal.pdf


Colênquima anelar

Disponível em: http://portal.virtual.ufpb.br/biologia/novo_site/Biblioteca/Livro_4/7-Anatomia_Vegetal.pdf


Colênquima lacunar

Disponível em: http://portal.virtual.ufpb.br/biologia/novo_site/Biblioteca/Livro_4/7-Anatomia_Vegetal.pdf


       Colênquima lamelar

Disponível em: http://portal.virtual.ufpb.br/biologia/novo_site/Biblioteca/Livro_4/7-Anatomia_Vegetal.pdf

       

Esclerênquima

O esclerênquima também é um tecido de sustentação, mas é constituído de células mortas espessadas com lignina. Estas células possuem parede secundária espessa e uniforma. Pode acontecer de o colênquima ter espessamento maior e lignificar-se, transformando-se em esclerênquima. Essa lignina presente neste tecido, confere rigidez ao vegetal. O esclerênquima pode ser encontrado em diversos órgãos dos vegetais.

Existem dois tipos de esclerênquimas, as fibras e as esclereides. As fibras são formadas por células longas, largas e afiladas, que podem acompanhar os tecidos de condução. As esclereides são células isoladas ou em grupos pequenos, e estão espalhadas por todo o sistema fundamental do vegetal. As esclereides se dividem em: Braquiesclereídes ou células pétreas, macroesclereídes, osteoesclereídes, astroesclereídes e tricoesclereídes.

Observe os diferentes tipos de esclereides:

Braquioesclereídes

Disponível em: http://portal.virtual.ufpb.br/biologia/novo_site/Biblioteca/Livro_4/7-Anatomia_Vegetal.pdf

Macroesclereídes

Disponível em: http://portal.virtual.ufpb.br/biologia/novo_site/Biblioteca/Livro_4/7-Anatomia_Vegetal.pdf


Osteoesclereídes

Disponível em: http://portal.virtual.ufpb.br/biologia/novo_site/Biblioteca/Livro_4/7-Anatomia_Vegetal.pdf


Astroesclereídes

Disponível em: http://portal.virtual.ufpb.br/biologia/novo_site/Biblioteca/Livro_4/7-Anatomia_Vegetal.pdf


Tecido vascular

Floema

Floema é um tecido vivo dos vegetais, que controla o crescimento de diferentes partes da planta. Sua função é transportar os nutrientes como açúcares, aminoácidos, fosfatos, ácidos nucleicos, vitaminas, substâncias orgânicas, álcoois, entre outros. Está presente em ráizes, caules, folhas, flores, etc, ficando na parte mais externa dos caules e na superfície inferior das folhas, e nas raízes, quando é de crescimento primário ele alterna-se com o xilema, e quando é de crescimento secundário, fica externo ao xilema, na maioria das vezes. O floema primário tem origem no procâmbio e o floema secundário tem origem no câmbio. 

O floema é composto por elementos crivados, células parenquimáticas especializadas e células parenquimáticas simples.

Os elementos crivados são as células mais especializadas do floema, responsáveis pela condução. Eles podem ser células crivadas ou elementos de tubos crivados. As células crivadas são longas e com várias áreas crivadas, com poros do mesmo tamanho. Já os elementos crivados ou elementos de vaso, são células mais curtas e especializadas. Nas paredes laterais há áreas crivadas com pequenos poros, e nas paredes terminais há placas crivadas com poros maiores, possibilitando o transporte de um grande volume de seiva. 

As células parenquimáticas especializadas se dividem em albuminosas e companheiras. As albuminosas ficam associadas às células crivadas, e as companheiras ficam associadas ao elemento de tubo crivado. Ambas ficam associadas aos plasmodesmas e permitem a circulação de material orgânico no vegetal. 

Nas células parenquimáticas simples ou não especializadas, pode haver substâncias ergásticas, como cristais, fenóis, entre outras.

Na parte externa do floema primário podem aparecer células em forma de fibras, conhecido como esclerênquima. O esclerênquima também pode aparecer em floemas secundários, em forma de fibras dispersas nos vegetais em forma de esclereides.


Xilema

O xilema, diferente do floema, é formado por células quase sempre mortas e lignificadas. O xilema primário, assim como o floema primário, tem origem no procâmbio, e o xilema secundário, também como o floema secundário, tem origem no câmbio. As funções do xilema é transportar seiva bruta, água e solutos a longa distância, fornecer suporte mecânico e armazenamento de nutrientes. É conhecido como verdadeiro sistema vascular porque percorre todos os órgãos reprodutivos e vegetativos da planta. O fato de, na maioria das vezes, o tecido possuir muita lignina, oferece uma resistência ao vegetal, além de impedir que os vasos colapsem. 

O xilema primário as células organizam-se no sistema axial, ou seja, o comprimento das células é pararelo ao eixo vertical do xilema, enquanto o xilema secundário organiza-se no sistema axial e radial, ou seja, o comprimento das células é voltado ao eixo vertical da planta.

O xilema é composto por fibras, células parenquimáticas vivas e elementos traqueais.

As fibras são células longas, que geralmente têm a parede celular secundária com lignina. Além disso, essas fibras podem desenvolver fibras septadas. 

As células parenquimáticas armazenam substâncias como amido, fenóis, óleos, cristais, entre outras, e auxiliam no transporte de substâncias em curta distância.

Os elementos traqueais são responsáveis pela condução de água e solventes. Estes elementos podem ser traqueídes ou elementos de vaso, ambos com função de condução e sustentação. 

Observe as imagens que mostram onde o floema e o xilema se localizam no vegetal:

Disponível em: https://florestalbrasil.com/2020/11/relacao-do-xilema-e-do-floema-com-o.html

Disponível em: https://www.infoescola.com/histologia/floema/


Fontes:
https://professores.unisanta.br/maramagenta/meristemastecidos.asp
https://www.coladaweb.com/biologia/botanica/meristemas
https://www.infoescola.com/histologia/felogenio/
https://moodleacademico.uffs.edu.br/pluginfile.php/489375/mod_resource/content/1/Aula%20Tecidos%20%28Meristema%2C%20Epiderme%20e%20Par%C3%AAnquima%29.pdf
https://www.todamateria.com.br/parenquima/
http://portal.virtual.ufpb.br/biologia/novo_site/Biblioteca/Livro_4/7-Anatomia_Vegetal.pdf
https://florestalbrasil.com/2020/11/relacao-do-xilema-e-do-floema-com-o.html
https://www.infoescola.com/histologia/floema/
https://professores.unisanta.br/maramagenta/meristemastecidos.asp

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